28 de dezembro de 2007

dois mil e oito

Vai acabar o ano. Minha mãe limpa a casa, eu faço planos, divulgo expectativas, jogo intenções ao espaço, teço minha rede de pensamentos positivos porque já não caibo mais em 2007. Vai acabar o ano, eu continuo te amando, apesar de toda distância guardo no meu peito quente e vazio o lugar que eu te prometi quando nos tocamos a última vez. O ano vai acabar mas o meu amor por ti é algo atemporal, independe de calendários, de distâncias, de receios, medos de te perder, entre outras coisas que possam entrar no caminho. Eu sei que o ano está a terminar, e digo desta maneira que é pra ficar claro que digo isso à você, visto que uso uma forma gramática só usada em seu país. Amo-te e te amo, conforme for o lugar aonde estejamos mas, acima de tudo, amo dentro, intocável ortografia eterna. Essa, de te amar sem ter lugar, de te amar em qualquer tempo, de te amar e saber esperar. O ano vai acabar e o que eu posso fazer é agradecer. És uma graça, duplo sentido. E foi neste ano que termina que nos encontramos, num 25 de Abril, um amor anti-salazar, um amor pra revolucionar, um amor pra estreitar laços, um amor pra caber nos abraços...

Eu te amo, eu te amo, eu te amo...
Amo-te, amo-te, amo-te...
dois mil e oito nos abençoe.

23 de dezembro de 2007

O escândalo da Funarte * Abertura de processo em 2008

Agora caiu nas páginas dos jornais, se espalhou pelos blogs afora e não há como fingir... O escândalo da Funarte, já apelidado de Funartegate, está na boca do povo! Como assim? Eu explico...

Recentemente a Funarte (www.funarte.gov.br) abriu um Concurso que daria bolsas literárias aos melhores projetos de livros. Duas bolsas para cada região do país totalizando 300 mil reais em grana para os escritores. As inscrições terminaram no dia 10 de Dezembro e já no dia 12 os jurados tinham o resultado final. Hein?! Sim, sim... Foi um espanto para todos que participaram, como eu, da seleção. Afinal como poderiam ler tantos projetos (quem entregou pessoalmente viu a pilha de projetos na pequena sala do Palácio Gustavo Capanema) em apenas 2 dias?

O que eu imaginei, o que outros participantes imaginaram, não era só imaginação, era isso mesmo, algo mágico, algo heróico por parte dos jurados, tão capacitados e fantásticos que em apenas dois dias conseguiriam ler 484 projetos (entre 15 e 20 páginas cada em média - para ser modesto).

A coisa caiu na imprensa (hoje, dia 23 de Dezembro saiu matéria no Jornal O Globo, Segundo Caderno) e se espalhou internet afora. Bom, e daí? A Funarte entregou umas respostas esfarrapadas, o presidente deu evasivas e, para piorar mais ainda, alguns contemplados tinham ligação direta com jurados...

Frente a tudo isso, me sentindo inconformado enquanto cidadão primeiramente - já que este dinheiro da bolsa sairá do meu, do seu, dos nossos impostos, inconformado enquanto participante, eu não vou aceitar evasivas e piadinhas do Senhor Celso Frateschi como resposta para tamanho escândalo.

Então proponho e deixo aberto para todos os participantes do Rio de Janeiro que quiserem participar da ação coletiva (será colocada no início de 2008 - assim que a justiça terminar seu recesso). Enviem um email para mim: davidlima@gmail.com

Um abraço, um feliz Natal (mesmo com notícias assim) e não vamos deixar isto barato!
Não mesmo!

21 de dezembro de 2007

O casal que comia pizza no Zona Sul...

Hoje eu estou aqui para julgar e abro mão de escrúpulos, análises sociais, psicológicas, herméticas, espirituais... Abro mão! Aquele casal que comia pizza no Zona Sul nesta noite de Quinta-Feira, aquele casal me irrita. Os dois com uma simpatia fabricada, uma camaradagem "classe-média bonzinho", uma coisa neles não me descia. Enquanto os julgava, comia um petit-gateau, e eles pediam "uma saladinha caprichada marcelo". Eu não gosto de gente que age com excesso de camaradagem com empregados de supermercados. Não que devemos tratá-los mal, muito pelo contrário. Mas aquela camaradagem me soava mal, me soava estranha, era um modo de ser amigo para subestimar, ou era o tom de como diziam isso, não sei... O casal que comia pizza no Zona Sul, eu aposto, aplaudiu a cena de tortura do "Tropa de Elite". O casal que comia pizza no Zona Sul planejou o futuro, já tem aposentadoria programada, sabem quando a mulher engravidará, qual o nome do filho caso seja homem, qual o nome da filha caso seja mulher, por qual carro vão trocar o deles no ano que se inicia, já compraram convites pra alguma festinha aonde casais felizes celebram dois mil e oito, nunca parcelam o IPTU, se enquadram na moda por não terem gosto e frequentam o Zona Sul mesmo que o preço do Supermercado Princesa esteja mais barato. O casal que comia pizza no Zona Sul... estraga qualquer passeio!

19 de dezembro de 2007

Ó Véspera do Prodígio

De Natália Correia - poeta de Açores, falecida em 1993

Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,

Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.

Desilusão em banda larga

De David Lima - Desilusão em banda larga - Data: Agosto de 2005

O mundo todo se conectou,
e ninguém inventou computador que saiba amar.
Download de apreço, download de amor...
O mundo todo se adicionou,
criou comunidade,
e ninguém inventou download da verdade.
Inventaram spam, pornografia,
cruel sabedoria, disconexão total!

De que me vale a banda larga se eu largo a banda no final?
De que me vale seu orkut se a gente nem se curte?
De que adianta ICQ se a gente nem se vê?
Pra quê webcam se a gente nem “pã” ?
MSN é uma ova, eu quero é prova real.
Seu papo virtual só me chateia, o chat me entedia,
você me tratou tão bem no outro dia e agora age feito conexão discada...

Sabe qual é da parada?
Cansei e vou te bloquear!
Não aguento mais esta insana distância,
não quero mais teclar!
Disconecta de mim,
vê se me larga!
A banda larga,
a fila anda,
o tempo acaba.

(Republicando o poema, que foi publicado na Bienal do Livro, na coletânea de poesias vencedoras do Festival de Campos de Poesia Falada)

14 de dezembro de 2007

Glossário


Hoje é um dia no qual tudo o que eu sonhei ontem virou agora. Agora é uma situação que é contínua, é nome no papel, resultado na frente e realidade. Realidade é tudo o que me leva a estar nesta cidade quando eu gostaria mesmo era de estar lá. não é o nome que uso para denominar um alguém, uso para determinar lugar. Lugar é um ponto geográfico e eu sei me guiar, mesmo com todo esse mar nos separando, mesmo com toda essa distância. Distância calcula-se em kilômetros, horas, ponto de início e ponto de destino. Destino é o nome fino que alguém deu pra quem souber conjugar o verbo querer. Querer , como eu quero... ai como eu quero você.

Hoje, agora, nesta realidade, não importa a distância
o meu destino é te querer
Hoje e sempre eu confirmo:

Rio de Janeiro, 15 de Dezembro de 2007, sou completamente teu.

13 de dezembro de 2007

Má poesia em tempo de desalegria

Nesses dias em que quero fugir...
Nesses dias que dói,
que pesa existir...

Eu respiro fundo,
sigo em frente,
eu encaro o mundo.

Eu vou chegar lá!
Espere só uns minutos.