28 de fevereiro de 2007

Intraduzível

Daqui eu consigo ver
Tá com o coração na boca!
Eu vejo ela louca tentando arrumar malas, verificando se nenhum documento foi esquecido
Tudo cena pra evitar vivenciar muito o pause da estória

Ela, aquela que achou que não retornariam os dias de glória
Que demoraria pro jogo virar
Que ficou sem dormir, ficou sem ar, sem rir
Agora tem o coração na boca e ele bate em compasso com o meu

É duro dizer adeus
Mas nosso adeus é até logo!
É see you later, é see you soon
É te vejo depois, em breve
Mais breve do que esse coração na boca
Intraduzível batim cum.

27 de fevereiro de 2007

Fila de amor

Hoje no caixa do supermercado uma senhora linda, comunicativa, feliz, contava-nos:

- Já ganhei meu dia hoje! Estava vendo a inauguração da nova estação do metrô e ganhei um beijinho do Sérgio Cabral! (nosso governador)

Eu, uma outra moça que estava a minha frente e a caixa do supermercado sorrimos com ternura, contagiados pela felicidade da senhorinha.

Ela emendou...

Aos 86 anos, não é todo dia que a gente ganha beijo assim! E logo depois quando vinha para cá deparei com um policial que trabalhava na Rua Bolivar. Ele perguntou: O que a senhora está fazendo por aqui? Eu respondi: - Eu moro aqui! Ele então me comunicou que tinha sido enviado para trabalhar na minha rua e me deu um beijinho! Ou seja, dois beijos num só dia aos 86 anos, não é qualquer um não...

E sorriu...

Eu, a moça que estava a minha frente e a caixa estendemos o riso e o que era ternura em nossas faces, se transformou num riso largo, num riso de quem vê amor em qualquer canto. Até na fila do supermercado.

.......................................
Pensando no ocorrido, me veio à mente uma poesia
de Adélia Prado que caberia perfeitamente no acontecido...

Adélia Prado - Neurolinguística

Quando ele me disse : ô linda, pareces uma rainha,
fui ao cúmice do ápice mas segurei meu desmaio.

Aos sessenta anos de idade,
vinte de casta viuvez,
quero estar bem acordada,
caso ele fale outra vez."

26 de fevereiro de 2007

Em negrito

vi muita coisa
beijei muitas bocas
Já tive certezas que cairam por terra
Mas com você nada é promessa
Tudo é verdade
Tudo é realidade
Tudo é fato
É tudo amor
E é tudo pra agora, 24 horas, entrega em casa

é o
amor
que mexe
com a minha cabeça
e me deixa
assim

21 de fevereiro de 2007

menos é mais


Carnaval e não bebi nenhuma gota de álcool.
Depois do carnaval darei um tempo no café
por motivos odontológicos de clareamento dental, não de idéias.

Desvicio-me.
O que vai substituir tamanha ausência química?
São trinta e dois dias sem sexo, dez sem álcool, muitos por vir sem café.

tudo
pela livre e ABSOLUTa

es-co-lha
eu reclamei de alguma coisa?

13 de fevereiro de 2007

Morre mais um João

O policial pediu propina,
a apressada avançou o sinal,
o banco teve lucro bilionário,
o cara jogou papel no chão:
MORRE MAIS UM JOÃO

Cresce mais um pedaço de favela,
falta remédio no hospital e
professores na escola,
bandidos poem fogo na lotação:
MORRE MAIS UM JOÃO

Maluf é reeleito,
Juiz Nicolau absolvido,
Guilherme de Pádua volta pras ruas,
A Veja manipula a informação:
MORRE MAIS UM JOÃO

Desce mais um comprimido de ecstasy,
Cheira uma carreira de pó,
Enrola um baseado do bom:
MORRE MAIS UM JOÃO

Superfaturam as contas públicas,
A justiça não faz justiça,
A nossa sociedade não faz sentido,
O nosso povo é omisso.

Morremos todos.
Você está vivo? Sorte a sua.
Morreu aqui na rua mais um João.

9 de fevereiro de 2007

O dia em que o Cristo chorou

A sociedade tem sede, quer vingança. A sociedade tem sentimento reprimido de que ninguém é punido, quer justiça. A socidade tem medo, quer segurança. A sociedade chora por si própria.

Hoje arrastaram a sociedade por 4 bairros até a morte. No caminho gritava eu, gritava você, gritava o pai de alguém que foi assassinado ontem, gritavam as famílias vítimas da nossa tragédia. A tragédia está estabelecida, aconteceu, não é preciso que ninguém imagine, formule, escreva, pense, ameaçe...

João ou Hamlet? É tragédia, é sinônimo, é desespero. É teatro dos horrores. Quem morreu foi uma criança, mas quem morreu não foi uma criança... Morremos todos. Morremos hoje, quem vai nos enterrar?

Procuram-se culpados em favelas, vielas, morros, casebres mal-acabados. Somos nós os culpados. Devemos todos assinar a ficha do assassinato. Ajudamos, concordamos, compactuamos. Não, não venham com respostas rápidas ou tiradas vingativas e advindas do sangue quente que te suba ao ser acusado. Foi você, fui eu.
Eu me entrego, eu sou culpado.
Eu te entrego, somos uma quadrilha, não uma sociedade.

Choramos todos...
MATEM OS ASSASSINOS, ouço em todo canto.
Me calo. Quero eles soltos, já que eles mesmos estão muito mais mortos que o menino que já se foi... É outro capítulo, é hoje, é amanhã, é "e agora?"...

Redução de maioridade penal é piada da sociedade da capital.
Talvez devessem todos pararem de cheirar pó e fumar maconha.
Talvez devessem todos acharem um absurdo os colégios públicos serem os mais vergonhosos resultados que se têm em dez anos.
Talvez devessem achar um absurdo os hospitais serem açougues.
Os policiais, bandidos, milícias...

João já tinha morrido faz tempo.
Mas só agora 3 meninos - tão vítimas quanto - nos mostraram o corpo.

8 de fevereiro de 2007

Fui ao mercado


Tenho consumido salada orgânica, quase nada de carne vermelha, acho que um dia Penélope Cruz verá o tamanho do erro que foi ter vivido com Tom Cruise, considero o Rio de Janeiro uma cidade em guerra, acredito que amor vem com o tempo e que, sim, dinheiro não traz felicidade mas pode amenizar dores.

Além disso, sou viciado em Ades.
(foto: o pote de café daqui de casa)

2 de fevereiro de 2007

A solução para o Rio de Janeiro é...

Rio de Janeiro, Copacabana - Seis da tarde, caminhando no calçadão com um amigo encontro um casal amigo e sentamos na mesa do quiosque... Dois minutos depois: Tio me dá uma moeda? Dois minutos depois: A latinha tá vazia? Dois minutos depois: Ameeeendoim... Dois minutos depois: Tio me dá uma moeda? Dois minutos depois: Tio me dá um gole? Dois minutos depois: A lata tá vazia?

Já visualizo o nome de um novo filme: MORADORES INTERROMPIDOS ou TURISTAS INTERROMPIDOS... Que saco...

Dai eu paro pra pensar... Violência, moradores de rua, Força Nacional de Segurança, Governador novo, novos "velhos" deputados... Muda alguma coisa?

A questão é: A classe média carioca, principalmente aqui da Zona Sul, acha que problema de violência se resolve com polícia. Dai ficam indignados quando algum desses pivetes pedintes comete um assalto. Querem bater, matar, linchar... Esperam que essa gente toda desocupada nas ruas vai virar o que? Médico?

Eles não bebem Ades, não frequentam o Roxy, nunca foram na Casa Laura Alvim... E a polícia não pode deter uma legião de desassistidos... Não que beber Ades significa política social, é apenas uma metáfora boba, como o nome dos filmes... A própria polícia é uma entidade falida. Os deputados, a política. A solução para o Rio de Janeiro é deixar o Rio de Janeiro. Nada vai mudar na casa de noca... Anote e confira.

Falando nisso, vou acompanhar de perto o Rio Body Count, que é um site que conta o número de mortos e feridos na nossa guerra particular. Inspirado no Iraq Body Count, site de uma ONG que conta o número de mortos e feridos na guerra do Iraque. Não vai ser surpresa nenhuma ler que aqui se morre mais do que lá... E o povo nem aí... Parece bobo, infantil, anárquico, mas porra... Chegou a hora das pessoas pararem isso aqui. Parar mesmo! Todas empresas, funcionários, escolas... Vamos pra porta do Palácio Guanabara, vamos aonde for... Não dá mais gente... As estatísticas são pavorosas, assustadoras... A realidade disso está tão perto que ninguém vê, ou finge que não vê.

A pergunta é: E AGORA? O QUE FAZER?

Eu vou pedir asilo (falando sério) em outro país. Levo todas estatísticas daqui , mostro no consulado e peço asilo pois minha cidade está em Guerra Civil. Se aqui se morre mais do que na guerra do Iraque, não tenho eu motivos fortes pra requerer asilo? Bem capaz de darem. Vai ser um teste, se rolar vou divulgar aqui e na imprensa.

1 de fevereiro de 2007

Ipod Shuffle em novas cores


Depois de lançar o Ipod Shuffle apenas na cor cinza, agora a Apple vai além e lança o aparelhinho em outras cores, iguais as do nano da nova geração.

Olha o tamanho do negócio. Incrível né? A má notícia fica por conta da informação de que o Brasil é o país aonde os ipods custam mais caro, do MUNDO!. É, o povo aqui sofre e ainda paga tudo mais caro...

Eu quero um azul pra levar à praia, correr... Escolha a sua cor, junte grana e corra pra loja :)

não pare

não pare de tentar,
há sempre uma razão pra seguir em frente vivendo enquanto você puder respirar
fique longe de extremos
só diga o que você quer dizer
mas não tente ser entendido

você deve dizer "obrigado" frequentemente
gostar do seu cabelo
brincar com estranhos em qualquer lugar

faça o que você normalmente faria
não olhe para o que os outros fazem
pense antes de comprar um carro
não case com alguém que você conheceu num bar

não existe nada igual a ir além
ame quem você é
não tenha medo do que vem depois
mas coloque um capacete pra proteger sua cabeça
esteja ciente, diga que gosta, não diga justo ..

esteja perto das mãos que te criaram .
olhe para sinais
nunca desperdice vinhos caros
mime seu corpo, mime você
nunca trapaceie, compartilhe sua riqueza

cante quando estiver orgulhoso
feche a porta se você soar mal
não acredite num homem que sabe que está certo
não pule a frente, curta sua viagem

seja agradável pra seu cachorro
dirija devagar na neblina
convença a si mesmo a escrever uma música
mude de roupas todo dia
ligue antes quando estiver atrasado
esteja seguro quando planejar transar

leia o que você gosta
esteja do lado dos seus irmãos
é normal questionar "porque"
mas não espere entender sua vida...


* tradução livre da música: Don't Stop, cantada por Sarah Bettens