De David Lima - Desilusão em banda larga - Data: Agosto de 2005
O mundo todo se conectou,
e ninguém inventou computador que saiba amar.
Download de apreço, download de amor...
O mundo todo se adicionou,
criou comunidade,
e ninguém inventou download da verdade.
Inventaram spam, pornografia,
cruel sabedoria, disconexão total!
De que me vale a banda larga se eu largo a banda no final?
De que me vale seu orkut se a gente nem se curte?
De que adianta ICQ se a gente nem se vê?
Pra quê webcam se a gente nem “pã” ?
MSN é uma ova, eu quero é prova real.
Seu papo virtual só me chateia, o chat me entedia,
você me tratou tão bem no outro dia e agora age feito conexão discada...
Sabe qual é da parada?
Cansei e vou te bloquear!
Não aguento mais esta insana distância,
não quero mais teclar!
Disconecta de mim,
vê se me larga!
A banda larga,
a fila anda,
o tempo acaba.
(Republicando o poema, que foi publicado na Bienal do Livro, na coletânea de poesias vencedoras do Festival de Campos de Poesia Falada)
2 comentários:
Maravilhosa a poesia, fantástica!!! Como vc bem disse, o soneto engessa um pouco a gente, dificulta a fuga do tom declamatório. Escrevê-lo é mais um desafio de métrica (aquele negócio de quatorze versos com doze sílabas poéticas cada é "osso"). Confesso abertamente minha preferência à poesia mais livre, com fascínio pelas rimas. As aulas ensinaram-me a gostar também da poesia sem rimas. Mas, como raramente as abandono, passei a tentar fazê-las fugir da mesmice. E isso você faz com maestria. Applause!
Gostei muito, seu moço.
Gostei mais ainda de saber que foi escrita (ou apenas postada) no dia do meu aniversário.
Enfim, muito boa sorte e muito boa poesia no seu caminho.
Gde bjo!
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