6 de novembro de 2009

Acumulado

Mais um ano termina
Não agir é uma forma de ação
Vejo planos em ruínas
E mando recados diretos
Porque cansei do sim e do não

Não quero deduzir
Não quero esperar
Não quero seduzir
Não quero controlar

Deixo que os dias batam com as suas portas em minha cara
E fico com essa cara de quem não sabe o que fazer
Dizem que o mundo já saiu da crise
Mas em mim ainda está a acontecer

Quero deixar a casa cair
Pra ressurgir desse escombro
Cansado disso tudo, vou tirar o mundo dos ombros

A alegria do palhaço
É ver o circo pegar fogo
E por isso está tudo certo
Tudo é caminho aberto
Mesmo quando a rota desvia
E nos põe neste estado de nostalgia

Querendo uma felicidade ultrapassada
Café no bule que passei de manhã
E requentei à noite, pois havia marasmo
E impaciência sã

Garantias de fundos
Aposentadorias privadas
Proper jobs
Ações, bens, imóveis e carros
Tudo isso é ouro falso
Lustro errôneo do capitalismo furado
Nada disso preenche minha sede de felicidade
No máximo traz estabilidade pra fingir que somos estáveis
E pra pagar as contas no fim do mês

Olha só o que a vida te fez
Agora tens sonhos de classe média
E não os difere de pesadelos

Grande loteria o destino
Acumulou, de novo.
É hora de se jogar.

Um comentário:

Carla Vergara disse...

Poema maravilhoso!!!!!!!!
Queria te ouvir falar, Davi.
Bjs