4 de outubro de 2008
A falta que ele me faz
Desci já prevendo que a tempestade estava pra chegar. Em breves cinco minutos, depois de ir ao banco, uma tromba d'água desabou no cinza da tarde de Sábado em Copacabana. Deu vontade de tomar banho de chuva ou até ignorá-la e voltar pra casa caminhando sob as gotas grossas que caíam, quase como modo poético de encarar a vida. Mas o formalismo de achar que o dinheiro ia molhar, fora o medo de uma gripe ou algum tipo de reação que me pusesse doente, me colocou aguardando a tempestade passar embaixo de uma marquise ordinária. Me senti ordinário, observando todos acuados como ratos molhados, ou quase molhados, com medo de água embaixo de marquises esperando a natureza ter piedade de nós que carregamos dinheiros e papéis nos bolsos. Seco, ridículo e solitário embaixo da marquise, observava que a água quase que dava pausa na vida das pessoas e enquanto isso do outro lado da calçada avistei o café do quarteirão e lembrei do Croissant de amêndoas com chocolate. Passadas as grossas gotas de água, só desejava as gotas grossas de chocolate no Croissant de amêndoas, o que colocava água na minha boca - e esta não advinha da chuva, mas sim do desejo químico por serotonina.
Atravessei a rua à passos calmos - não sou um rato com medo de me molhar, pensei. Entretanto pulei poças, detesto molhar meus calçados... Adentrei o café com olhos sedentos em direção ao balcão que poderia ser a minha salvação... Olhei a vitrina e meu olhar logo se transformou em olhos de decepção... Não tinha o bendito Croissant que ia me salvar deste dilúvio de emoções. Voltei pra casa inconsolável e tentei me consolar com pão com requeijão e um bocado de café, mas sabe como é... Uma vez provado o Croissant, é difícil achar bom pão de forma com requeijão: entrei em depressão. Se ele soubesse a falta que me faz...
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