24 de abril de 2006
17 de abril de 2006
despedida 2 ou arrevoir
parte 1: fica a saudade, mas fica também a decepção. fica a vontade de entender e vai a interrogação. fica o tempo de pensar que quando não, quando não eramos nada mais que contatos adicionados, eu era mais feliz e nem sabia. fica a idiotice arredia de crer no incrível. des-pe-di-da, paroxítona. sintaxe, síntese, primeiro capítulo. fim do remoido desgosto do gosto daquele beijo. que bobagem a minha, acreditar na fatal alegria da vida aqui. vou embora, feliz, convicto, livre e certo do que sou mas descobrirei o outro que habita em mim. um outro menos inocente, mais valente, menos apaziguador, mais revelador... um outro que seja poeta com objetividade. um outro que pense na cidade e esqueça o campo e o relento com céu de estrelas. agora, é chegado o tempo de conhecê-las.
parte 2: falo tudo isso pra parede, me olhando no espelho, refletido ao meio, de costas. falo tudo isso em frente à tela fria da monotonia que poderia ter se instalado, como um programa mal programado. falo tudo isso sentado com a calma de quem tem calma. falo tudo isso porque sei que você vai ler, vai entender, vai rir, vai debochar, vai crer, vai acreditar em todos os verbos funcionais do dicionário. mas o verbo que te encaixa nem é verbo, é adjetivo: otário.
parte 3: amigos, nem sei definir essa palavra. de repente ficou mais significativa que amor.
parte 4: só quando, desligadas as turbinas, antenadas as ansiedades. esteja em outro lugar. DE VERDADE.
E fui embora da cidade...
parte 2: falo tudo isso pra parede, me olhando no espelho, refletido ao meio, de costas. falo tudo isso em frente à tela fria da monotonia que poderia ter se instalado, como um programa mal programado. falo tudo isso sentado com a calma de quem tem calma. falo tudo isso porque sei que você vai ler, vai entender, vai rir, vai debochar, vai crer, vai acreditar em todos os verbos funcionais do dicionário. mas o verbo que te encaixa nem é verbo, é adjetivo: otário.
parte 3: amigos, nem sei definir essa palavra. de repente ficou mais significativa que amor.
parte 4: só quando, desligadas as turbinas, antenadas as ansiedades. esteja em outro lugar. DE VERDADE.
E fui embora da cidade...
15 de abril de 2006
Má temática +2
Elevação exponencial
Segundo grau, equação
Aqui reclamam do mundo cão
Mas na escola ensinam: arme e efetue!
E todo mundo arma
E efetua
De fato
É matemática
É uma temática má
Permite variações mas sempre tem exatidão
Permite contradições mas é ciência exata
É como Nelson Rodrigues: Batata!
Permite choro no banheiro
Porque é número infinito, mas também número primo
É dízima periódica, é Pi
É coca-cola com vodka
É ficar bêbado
É estar sóbrio e ver tudo
Claro, como água
Claro, como águia que enxerga como ninguém
É não entender nem querer porquês
É dar ponto final mesmo sem ser português
É simplesmente o fim
Fico uns minutos, uns dias, um tempo mal
Mas depois recalculo tudo
E continuo valendo tanto quanto achei no final
Porque é matemática
Subtrair-me é trair-me sub
É trair-me sob a desculpa boba do vão
Da mosca na sopa
Do espaço de agora
Da inexatidão
Do que nem foi
É matemática
Eu detesto!
Mas sei somar, e dividir então...
Sou craque!
Geometria
Inequação
Arme e efetue?
Arme e efetue?
Isso eu não faço não.
Segundo grau, equação
Aqui reclamam do mundo cão
Mas na escola ensinam: arme e efetue!
E todo mundo arma
E efetua
De fato
É matemática
É uma temática má
Permite variações mas sempre tem exatidão
Permite contradições mas é ciência exata
É como Nelson Rodrigues: Batata!
Permite choro no banheiro
Porque é número infinito, mas também número primo
É dízima periódica, é Pi
É coca-cola com vodka
É ficar bêbado
É estar sóbrio e ver tudo
Claro, como água
Claro, como águia que enxerga como ninguém
É não entender nem querer porquês
É dar ponto final mesmo sem ser português
É simplesmente o fim
Fico uns minutos, uns dias, um tempo mal
Mas depois recalculo tudo
E continuo valendo tanto quanto achei no final
Porque é matemática
Subtrair-me é trair-me sub
É trair-me sob a desculpa boba do vão
Da mosca na sopa
Do espaço de agora
Da inexatidão
Do que nem foi
É matemática
Eu detesto!
Mas sei somar, e dividir então...
Sou craque!
Geometria
Inequação
Arme e efetue?
Arme e efetue?
Isso eu não faço não.
Má temática
É matemática
É uma temática má
Permite variações
Permite contradições
Permite choro no banheiro
Porque é número infinito
É dízima periódica
É coca-cola com vodka
É ficar bebado
É estar sóbrio e ver tudo
Claro, como água
Claro, como águia
É não entender nem querer porquês
É dar ponto final
É simplesmente o fim
Fico uns minutos, uns dias, um tempo mal
Mas depois recalculo tudo
E continuo valendo tanto quanto achei
Porque é matemática
Subtrair-me é trair-me sub
Mas eu sei somar
E dividir então...
Sou craque!
É uma temática má
Permite variações
Permite contradições
Permite choro no banheiro
Porque é número infinito
É dízima periódica
É coca-cola com vodka
É ficar bebado
É estar sóbrio e ver tudo
Claro, como água
Claro, como águia
É não entender nem querer porquês
É dar ponto final
É simplesmente o fim
Fico uns minutos, uns dias, um tempo mal
Mas depois recalculo tudo
E continuo valendo tanto quanto achei
Porque é matemática
Subtrair-me é trair-me sub
Mas eu sei somar
E dividir então...
Sou craque!
5 de abril de 2006
4 de abril de 2006
despedida 1
Vou embora do meu país. Vou embora da minha cidade. Eu, que sempre quis tudo isso, que sempre reclamei do aqui e agora, dessa repetição lenta e chata, dessa monotonia de sóis para dar e vender, desse tempo espaçado que sempre sobrou em meus dias; vou embora e agora se apaga de mim qualquer senso de crítica. A cerveja é uma bênção, a praia é um milagre, o sol é vida, as esquinas são novidades, o povo é acolhedor, a saudade já começa a fazer ponto na minha esquina porque sabe, vou embora. Do meu país grande e fértil e infeliz e corrupto. Vou embora porque aqui o suor do trabalho é pago - quando pagam - com a vergonha que nenhum patrão tem de ver que continua explorando os seus funcionários. Vou embora disso tudo: de CPIs, de campanha eleitoral, de baixaria na TV, de assalto na rua, de tiroteio no morro, de lojas fechadas pelo tráfico, de abuso de poder de policial, de playboy traficante, de justiça impune, de crianças vendendo drogas, de criança vendendo bala, de criança jogando bola no sinal... Ir embora do tumulto na fila do supermercado, do metrô superlotado, do preconceito sexual e racial, enfim, de todos os problemas que qualquer brasileiro que seja carioca conhece. Não vou pro paraíso, não espero encontrar o afeto do meu povo, vou ter saudade de ser brasileiro no Brasil, de ser carioca no Rio, de todos esses problemas que viraram uma doce rotina. Não que goste deles, mas fazem parte de mim. Porém vou embora, "em boa hora". Vou, mas volto.
Assinar:
Postagens (Atom)