19 de fevereiro de 2006
Um texto para ninguém
Devo deixar claro, obviamente, que este texto é para ninguém. Não te diz respeito, nem a mim, apenas a ninguém. Fim da oração. Sei que os fatos se juntaram e como eu não nasci ontem, nasci hoje. Algo que deve ser de praxe pra quem tá vivo. Hã? É claro! Eu tenho vinte e cinco anos e uma hora eu vejo que cortaram a fita da bola de gás e ela se perdeu no céu, sem maiores explicações do porque do corte da fita da porra da bola. É pra divagar, claro, eu não tô falando de nada nem de ninguém. Esse é um texto pra mim, sobre qualquer coisa que aconteça. É pra divagar sem medo. Porque eu fico nesse vai e vém psicológico que nem existe, porque ninguém não faz parte. Mas eu sei, eu sei aonde ninguém pisou ainda. Faz parte, o homem ainda nem chegou em Marte. O único problema desse texto é que ninguém é ser humano que ninguém sabe, não liga pra ninguém e ninguém sabe o que aconteceu para terminar tudo nessa confusão de idéias. Mas eu, quando vou dormir, encaixo ninguém em todo porvir e coluna que ficou vazia. E ninguém pra mim é um pesadelo cheio de gente. Sinceramente? É pra não entender mesmo! Escrevi tudo isso pra mim, porque ninguém merece. Será que merece?
17 de fevereiro de 2006
Oh!r Kut
Acordei bem e por minha própria culpa a sexta-feira ficou amarga. Não, eu não esqueci de adoçar o café, não ouvi palavras chatas, não há nada de errado com algo que eu tenha feito... O que houve? Eu sei o que houve. Ponto. Destratei a empregada, não respondi ao bom-dia do porteiro, achei ridícula a encenação do mendigo que dizia ter fome, fui um bicho, sem culpa nem sensibilidade; vi na minha amargura a tela que revelou toda a podridão humana. Sem palavras cortadas, sem gestos falsos, amarrei a cara e desci para pegar o dinheiro do mercado com meu pai. Furioso disse aos familiares: Só vou pegar o dinheiro! Isso porque não quero ir ao mercado hoje. A amargura e a raiva dominou minha manhã e vim captando todos os olhares do caminho pra escrever um texto, ouvir uma música, o que fosse... Tinha mesmo era que colocar tudo isso pra fora, não cabe mais em mim esperar por porra nenhuma e eu cismo em ficar na estação... Cadê o trem? Parece mesmo que não vem... E o dia apenas começou.
5 de fevereiro de 2006
Para que meus pensamentos voltem a ser objetivos, preciso esquecer você
Estou eu lá na praia, na boate, na festa, no buteco, na rua, no ônibus e de repente, surge na minha cabeça a sua imagem. Os fatos se repetindo como um filme esquecido no "repeat"... Os cenários, as palavras... tudo, menos você. Ficou a memória dos acontecimentos mas o único personagem que sobrou fui eu! Daí eu olho pro lado, vejo gente bonita e interessante, viro um drink, leio um livro, ouço uma música e me distraio dessa paranóia não solicitada... Mas tem vezes que não dá! Quando vou ao bar e me entrego às garrafas de cerveja e fico feliz e converso e falo, sempre no assunto entra em pauta a má resolução da nossa estória. Sempre, sempre essa porra de "porque fez isso?!" me cobrando uma racionalidade dos sentimentos alheios... Preciso que meus pensamentos voltem a ser objetivos para uma normalidade de vida sentimental. A partir de agora tem que ser assim: Porque não ligou? Porque não quis! Porque não fez, não foi, não veio, não agiu? Porque não quis! Porque isso tinha que ter acontecido logo comigo? Porque aconteceu! Porque não consigo esquecer essa babaquice que chamei de amor? Porque sou idiota o suficiente pra acreditar numa pessoa de cara, sem precisar passar a ficha num SPC sentimental... Porque você faz isso então? Resta uma ponta de humanidade em mim e até agradeço por isso. Então... É... Não há motivos reais pra sofrer, certo? Certo! Eu digo pra mim mesmo. E vou avaliando minhas fotos, esqueço a tua imagem, não tenho fotografias suas, nem endereço, você não mora na minha cidade, portanto não vamos nos esbarrar para que eu lembre de sofrer com hora marcada, e o tempo se encarregará do resto da estória. Por ora, eu já chorei demais por quem não merecia, já escrevi demais sobre o que me consumia e a verdade é que preciso esquecer você. Definitivamente. Por favor, alguém aí apaga esse telefone da minha agenda?
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