17 de março de 2011

Gato e Sapato

Me persegue a literatura. Uma máquina ligada 24hs por dia fazendo comentários e pedindo que os coloque no papel. Estou na padaria ela vem, quer que eu descreva cheiro de pão quente. Estou na praia ela quer sabor de queijo coalho. Estou no momento mais sublime, ela escreve uma peça, edita um livro, roda um filme. Não tento fugir, sequer controlar. Ela quer rimas, textos, prosas, crônicas. Ela quer ser digitada. Doesnt matter the language. No importa la lengua. Não importa mesmo. Ela quer que eu coloque letras no papel, frases soltas. Me domina a literatura. Eu digo chega, ela vem com mais. Rouba meus pensamentos em momentos cruciais. Não a condeno, é ela quem me salva do mundo, ela quem me transforma no que sou. Mais potente que torpedo, mais eficiente que twitter, sem limite de caracteres, ela vem ilimitada, fruto desta minha ordem desordenada. Resultado de eu ser cidadão 2.0, conectado, online, vivo, aqui, agora, a literatura me devora.

3 comentários:

Eduardo Chacon disse...

Às vezes peço para ela falar mais baixo. Estou cansado de discutir a relação. Quero ficar no meu canto, lendo nada, digitando batucadinhas de tédio no tampo da mesa cheia de farelos de uma dia qualquer. Às vezes peço a ela somente isso: o silêncio e os restos de um dia qualquer.

David Lima disse...

Que legal. Gostei da conclusao! :)

Thais F. disse...

a literatura, essa necessidade de dar vida ao que está morrendo a cada segundo e que precisamos deixar ir... é um momento quase insuportável de lucidez, se não fosse poético seria insustentável.