30 de junho de 2009
Arriscado
Eu corri um risco
Joguei-me nos abismos tentando desenhar o meu futuro
Mas ao fim, lápis desgastado pela incerteza,
Fui apagado pela borracha da sua indecisão
Eu corri um risco
Desses de andar de avião
Coisa que sempre me meteu medo
Entretanto aqui estou, folha branca esperando novos traços
O rabisco desse risco marcou o nosso desenho
Eu nunca vou querer apagar a nossa história
Mas daqui pra frente, página virada da memória,
O nosso caso é esferográfico.
O nosso traço é trágico.
Corro agora o risco geográfico
O Rio de Janeiro está cheio de desenhistas mágicos
À procura de um rascunho como eu.
19 de julho de 2008 – 17:42
Joguei-me nos abismos tentando desenhar o meu futuro
Mas ao fim, lápis desgastado pela incerteza,
Fui apagado pela borracha da sua indecisão
Eu corri um risco
Desses de andar de avião
Coisa que sempre me meteu medo
Entretanto aqui estou, folha branca esperando novos traços
O rabisco desse risco marcou o nosso desenho
Eu nunca vou querer apagar a nossa história
Mas daqui pra frente, página virada da memória,
O nosso caso é esferográfico.
O nosso traço é trágico.
Corro agora o risco geográfico
O Rio de Janeiro está cheio de desenhistas mágicos
À procura de um rascunho como eu.
19 de julho de 2008 – 17:42
21 de junho de 2009
Abrindo o inverno
Hoje me deu tristeza, daquelas fundas, típicas de Domingo. Daquelas sem razão, feitas só pra serem sentidas e não entendidas, como gripes leves que a gente nem toma paracetamol pra curar, só repousa. Já cedo a mulata prostituta que andava e abaixava o vestido na rua antecipava-me o fato de que mesmo que se tente, não dá pra esconder as aparências. E vivi um dia triste, pensativo, reflexivo - e nem escondi ou tentei que fosse de outra maneira. Bronzeei-me e até perdi minhas sandálias, fato que me fez retornar pra casa mais pé no chão, literalmente. E depois vim falando com um amigo no caminho sobre o que ficou lá trás e como o tempo passou e que faz um ano que retornei de outro país. E agora parece distante lembrar as outras manhãs, de quase década atrás, em que iniciei o Domingo da mesma maneira, testando meus conhecimentos e pondo em prova minha inteligência da maneira mais burra que o homem inventou: num vestibular. E agora à noite, aprovado porém insatisfeito, percebo que provas objetivas me deixam discursivo à beça. E vou dormir menos triste... Mesmo que minha vida esteja sendo resolvida à base de chutes.
7 de junho de 2009
Da finitude
A queda do avião nos põe deveras alerta, porque comove-nos a tragédia. Mas o que na tragédia, além das lágrimas, nos põe alerta a cada detalhe revelado para o fatal desfecho de 228 pessoas ao mesmo tempo? Se pensarmos bem, se fizermos uma análise não apenas racional ou fria, mas uma análise realista, fica claro que é a fatalidade da vida.
A vida é fatal e ninguém se conforma com isso. A vida é urgente e a gente se concentra em pequenezas que nos distraem de nossa fragilidade e do nosso status de "durante". A gente não é, está. Pode parecer clareza espiritual - tenho lá minha fé - mas é, antes, clareza humana, racional, fria e também simples e acalmadora de perceber a finitude.
Calculamos erros, queremos respostas e caixas-pretas, queremos que o radar tenha o que dizer, que os computadores traduzam nossas dores, que tenha sobrado alguém pra contar a história, que as estatísticas diminuam nossos medos, que tenhamos um bom enredo e que jamais estejamos envolvidos em algo assim.
Todos desejos genuínos, tudo normal mas, não me entendam mal, essa é a graça da vida, de ser fatal. Qualquer coisa pode nos acontecer a qualquer momento: o coração parar, uma árvore cair em nossa cabeça, o ônibus envolver-se num acidente sem sobreviventes, o carro explodir, um novo vírus aparecer e nos devastar...
Assim como as coisas boas, as fatalidades-amor, fatalidades-maternidades, fatalidades-sacanagens, fatalidades fatais, que nos pegam de supetão do momento e nos levam a ver de dentro como as coisas são. Pode ser bom, poder ser ruim, pode ser péssimo.
Pode ser triste, pode ser bom, pode ser fatal como a única acepção que entendemos da palavra como sendo algo ruim...
Mas a vida é assim...
E sem ser fatal, a vida não vale nada.
É preciso compreender que um dia não vamos mais ser.
A vida é fatal e ninguém se conforma com isso. A vida é urgente e a gente se concentra em pequenezas que nos distraem de nossa fragilidade e do nosso status de "durante". A gente não é, está. Pode parecer clareza espiritual - tenho lá minha fé - mas é, antes, clareza humana, racional, fria e também simples e acalmadora de perceber a finitude.
Calculamos erros, queremos respostas e caixas-pretas, queremos que o radar tenha o que dizer, que os computadores traduzam nossas dores, que tenha sobrado alguém pra contar a história, que as estatísticas diminuam nossos medos, que tenhamos um bom enredo e que jamais estejamos envolvidos em algo assim.
Todos desejos genuínos, tudo normal mas, não me entendam mal, essa é a graça da vida, de ser fatal. Qualquer coisa pode nos acontecer a qualquer momento: o coração parar, uma árvore cair em nossa cabeça, o ônibus envolver-se num acidente sem sobreviventes, o carro explodir, um novo vírus aparecer e nos devastar...
Assim como as coisas boas, as fatalidades-amor, fatalidades-maternidades, fatalidades-sacanagens, fatalidades fatais, que nos pegam de supetão do momento e nos levam a ver de dentro como as coisas são. Pode ser bom, poder ser ruim, pode ser péssimo.
Pode ser triste, pode ser bom, pode ser fatal como a única acepção que entendemos da palavra como sendo algo ruim...
Mas a vida é assim...
E sem ser fatal, a vida não vale nada.
É preciso compreender que um dia não vamos mais ser.
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