30 de dezembro de 2006
O ano que mudou a minha vida
Quando 2005 terminou - palmas jogadas ao mar, pensamentos positivos, destino decidido, fé pra colher o tanto que plantei - eu não sabia que tanto iria acontecer. Calmo como um agricultor que tem carinho por sua horta, recolhi pouco-a-pouco os frutos que a vida me ofereceu e saboreei cada mordida. Gostos de países diferentes, respirei outros ares, beijei bocas de diferentes continentes, me reconheci na minha porção mais gente: solto pelo mundo exercendo a palavra felicidade como se ela fosse um verbo. Eu cheguei. Eu estive lá. Coloquei as mãos em objetivos, Iemanjá abençoou e eu nunca mais vou esquecer esse 2006 que passou.
I had the time of my life.... (Eu tive o momento da minha vida)
Poderia fazer uma lista pra me afirmar como uma pessoa feliz no ano que passou. Uma lista seria mesquinho, penso enfim... Dentro de mim memórias deste 2006 maravilhoso se fixam encroadas na alma. Não sou dos que crê que depois de um ano bom o próximo será ruim, não vejo motivos para tamanho pessimismo, como se fosse um ônus a ser pago pela felicidade já vivida. Sou dos que acredita no "desenvolvimento sustentável" dessa felicidade que por fim vivenciei.
Por isso uma salva pelo que veio
Uma salva pelo que virá
Salve 2006 pelo que foi.
Salve 2007 pelo que será.
21 de dezembro de 2006
Natal, nothing at all...
Não quero escrever uma síntese anti-comercial por causa do Natal. Não. Deixem que exercitem sentimentos e afetos em compras, parcelamentos e cheques pré-datados, cada um sente à sua maneira e, não duvido, um dia quando estiver mais velho serei eu este personagem enlouquecido por buscar sentido e dar sentido a alguma coisa, mesmo que de forma comercial e superficial.
Papai Noel me ligou e disse: Time is money! E eu consenti, mas não aceitei a proposta de sair por aí pra gastar meu suado dinheiro (suado porque faz calor demais hoje no Rio) e não porque eu ache que ele seja tão suado assim, mas isso também é uma questão de imposição pessoal, de colocar as coisas no limite... Que seja...
É Natal mais uma vez, só que desta vez eu não posso reclamar da ceia feia de meu avô paterno, não posso dar um beijo na testa da vó doente na cadeira, não posso reclamar e falar que meu tio é chato e coisa e tal, não posso reafirmar nenhum laço familiar por parte de pai, a casinha da Abolição não existe mais. Os galos de briga ganharam a luta.
É Natal mais uma vez, só que desta vez o meu pai está na cadeira, na cama, já não briga, já não me obriga a comer coisas que não gosto tanto para agradar o velho Lenine. É Natal e eu não posso mais separar briga do meu pai com a minha mãe porque ele bebeu demais e começou a ter cismas. É Natal e ninguém vai fingir que existe um cara gordo e barbudo que surge pra realizar meus sonhos (mesmo que comerciais) ao menos uma noite do ano.
Não é um testemunho de desespero o que aqui escrevo. É a realidade sem desespero nenhum, só a realidade me deixando sem ceia sentado vendo passar a idade.
É Natal e eu já escrevi melhor.
Papai Noel me ligou e disse: Time is money! E eu consenti, mas não aceitei a proposta de sair por aí pra gastar meu suado dinheiro (suado porque faz calor demais hoje no Rio) e não porque eu ache que ele seja tão suado assim, mas isso também é uma questão de imposição pessoal, de colocar as coisas no limite... Que seja...
É Natal mais uma vez, só que desta vez eu não posso reclamar da ceia feia de meu avô paterno, não posso dar um beijo na testa da vó doente na cadeira, não posso reclamar e falar que meu tio é chato e coisa e tal, não posso reafirmar nenhum laço familiar por parte de pai, a casinha da Abolição não existe mais. Os galos de briga ganharam a luta.
É Natal mais uma vez, só que desta vez o meu pai está na cadeira, na cama, já não briga, já não me obriga a comer coisas que não gosto tanto para agradar o velho Lenine. É Natal e eu não posso mais separar briga do meu pai com a minha mãe porque ele bebeu demais e começou a ter cismas. É Natal e ninguém vai fingir que existe um cara gordo e barbudo que surge pra realizar meus sonhos (mesmo que comerciais) ao menos uma noite do ano.
Não é um testemunho de desespero o que aqui escrevo. É a realidade sem desespero nenhum, só a realidade me deixando sem ceia sentado vendo passar a idade.
É Natal e eu já escrevi melhor.
19 de dezembro de 2006
respondão
é hora
é hora de reavaliar
de rever
de encerrar
de dizer
é hora de crer
vem um novo ano e eu não posso mais ser escravo do que escrevo
é hora de um novo conceito
de dizer não com alegria no peito, sem medo do que vem depois
é hora de nós dois
eu e meu destino
é hora do momento fino de tudo
é hora de mandar pros caralhos o que incomoda
ir enfrentar o mundo
é hora
ou nada
ou tudo.
é hora de reavaliar
de rever
de encerrar
de dizer
é hora de crer
vem um novo ano e eu não posso mais ser escravo do que escrevo
é hora de um novo conceito
de dizer não com alegria no peito, sem medo do que vem depois
é hora de nós dois
eu e meu destino
é hora do momento fino de tudo
é hora de mandar pros caralhos o que incomoda
ir enfrentar o mundo
é hora
ou nada
ou tudo.
12 de dezembro de 2006
Adélia Prado - Ex-voto
Na tarde clara de um domingo quente, surpreendi-me
Intestinos urgentes, ânsia de vômito, choro
Desejo de raspar a cabeça e me por nua no centro da minha vida
E uivar até me secarem os ossos
Que queres que eu faça Deus?
Quando parei de chorar, o homem que me aguardava disse-me:
Voce é muito sensível, por isso tem falta de ar!
Chorei de novo porque era verdade e era também mentira, sendo só meio consolo
Respira fundo, insistiu !
Joga água fria no rosto, vamos dar uma volta, é psicológico
Que ex-voto levo à Aparecida se nao tenho doença e só lhe peço a cura?
Minha amiga devota se tornou budista. Torço para que se desiluda e volte a rezar comigo as orações católicas.
Eu nunca ia ser budista!
Por medo de não sofrer, por medo de ficar zen
Existe santo alegre ou são os biógrafos que os põem assim felizes como bobos?
Minas tem coisas terríveis.
A serra da piedade me transtorna.
Em meio a tanta rocha de tão imediata beleza, edificações geridas pelo inferno, pelo descriador do mundo.
O menino não consegue mais, vai morrer, sem força para sugar a corda de carne preta do que seria um seio, agora às moscas.
Meu coração é bom mas não aceita que o seja.
O homem me presenteia.
Porque tanto recebo quando seria justo mandarem-me à solitária?
Palavras não, eu disse. Eu só aceito chorar!
Porque então limpei os olhos quando avistei roseiras e mais o que não queria, de jeito nenhum queria aquela hora, o poema, meu ex-voto.
Não a forma do que é doente, mas do que é são em mim.
E rejeito e rejeito premida pela mesma força do que trabalha contra a beleza das rochas.
Me imploram amor Deus e o mundo.
Sou pois mais rica que os dois.
Só eu posso dizer a pedra: És bela até a aflição!
O mesmo que dizer a ele: Sois belo, belo, sois belo.
Quase entendo a razão da minha falta de ar
Ao escolher palavras com que narrar minha angústia, eu já respiro melhor.
A uns, Deus os quer doentes, a outros quer escrevendo.
Intestinos urgentes, ânsia de vômito, choro
Desejo de raspar a cabeça e me por nua no centro da minha vida
E uivar até me secarem os ossos
Que queres que eu faça Deus?
Quando parei de chorar, o homem que me aguardava disse-me:
Voce é muito sensível, por isso tem falta de ar!
Chorei de novo porque era verdade e era também mentira, sendo só meio consolo
Respira fundo, insistiu !
Joga água fria no rosto, vamos dar uma volta, é psicológico
Que ex-voto levo à Aparecida se nao tenho doença e só lhe peço a cura?
Minha amiga devota se tornou budista. Torço para que se desiluda e volte a rezar comigo as orações católicas.
Eu nunca ia ser budista!
Por medo de não sofrer, por medo de ficar zen
Existe santo alegre ou são os biógrafos que os põem assim felizes como bobos?
Minas tem coisas terríveis.
A serra da piedade me transtorna.
Em meio a tanta rocha de tão imediata beleza, edificações geridas pelo inferno, pelo descriador do mundo.
O menino não consegue mais, vai morrer, sem força para sugar a corda de carne preta do que seria um seio, agora às moscas.
Meu coração é bom mas não aceita que o seja.
O homem me presenteia.
Porque tanto recebo quando seria justo mandarem-me à solitária?
Palavras não, eu disse. Eu só aceito chorar!
Porque então limpei os olhos quando avistei roseiras e mais o que não queria, de jeito nenhum queria aquela hora, o poema, meu ex-voto.
Não a forma do que é doente, mas do que é são em mim.
E rejeito e rejeito premida pela mesma força do que trabalha contra a beleza das rochas.
Me imploram amor Deus e o mundo.
Sou pois mais rica que os dois.
Só eu posso dizer a pedra: És bela até a aflição!
O mesmo que dizer a ele: Sois belo, belo, sois belo.
Quase entendo a razão da minha falta de ar
Ao escolher palavras com que narrar minha angústia, eu já respiro melhor.
A uns, Deus os quer doentes, a outros quer escrevendo.
10 de dezembro de 2006
Verás, no verão
Vem chegando o verão
Um calor no coração
Essa magia colorida
Coisas da vida
Não demora muito agora
Toda de bundinha de fora
Top less na areia
Virando sereia
Essa noite eu quero te ter
Toda se ardendo só pra mim
Essa noite eu quero te ter
Te envolver, te seduzir
O dia inteiro de prazer
Tudo que quiser, eu vou te dar
O mundo inteiro aos seus pés
Só pra poder te amar
Roubo as estrelas lá no céu
Numa noite e meia desse sabor
Pego a lua, aposto no mar
Como eu vou te ganhar
Essa noite eu quero...
7 de dezembro de 2006
Quis ela
Quisera ocupar o dia-a-dia em inquietudes sutis. Arrumar quartos, abrir janelas, dobrar as roupas e sentir que esse tempo livre tem razão de ser. Quisera ocupar o dia-a-dia em algo que cansasse o corpo e que, ao amanhecer, já me solicitasse novas rotinas.
Quisera fugir dessa sina. Está em mim, de novo, aquele sentimento assim de querer respostas quando tudo ainda é silêncio e espera.
Também, sem nem ter havido beijo, pudera.
Quisera, quisera...
Quanta balela!
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