Memórias desconexas tomam minha mente no momento em que sento para registrar que o passado é também presente e futuro na minha mente que hoje vaga ansiosa e cinza, sem chuva, mas nublada. Memórias desconexas sentimentais, que seja claro. Lembro do jardim com nome diferente e do homem com nome árabe, não menos diferente. Emoções em outra língua, em outras línguas. Lembro do sol e dos sorvetes. Lembro do lanche fast-food com refrigerante renovável. Coisas que me faziam feliz e eu sabia. Lembro das pequenezas supermercados que me alegravam, das sutilezas como sentir frio e tomar o casaco como um abraço de quem se ama e puxar vez em quando a blusa pra baixo por conta de um vento cretino que sempre tentava entrar pela minha barriga. Da folga vadia de caminhar por ruas suecas e me sentir fora do mundo de tanto que estava em mim. Lembro de tudo isso e lembro também - e como não - do amor que nasceu na porta de uma Galeria e terminou na saída do Galeão, passando por todas entradas e saídas pressupostas em amorosa relação. Lembro de tudo isso e nada disso me serve, consola ou preenche. Nem sequer busco isso ao lembrar. Nem sequer exerço o ato de lembrar, ele apenas me ocorre.
É... há domingos em que a gente morre.