28 de novembro de 2005

Poesia Voa * Festival de Poesia no Circo Voador

No Sábado passado (26/11) me apresentei no Festival Poesia Voa, que rolou no Circo Voador, Lapa - aqui na Cidade Maravilhosa. O grupo da Escola Lucinda de Poesia Viva (do qual faço parte) apresentou poemas de Adélia Prado, um espetáculo com o qual ficamos em cartaz 3 meses no ArteClara. A recepção da platéia foi ótima. Pra finalizar, falei o meu poema "Nadica de Neves" - da árvore da Lagoa, no mesmo dia da inauguração da árvore. Mesmo dia e mesmo horário! Teve um significado ótimo pra mim e uma recepção calorosa da platéia. Fica aqui o agradecimento à Maria Rezende (Maria da Poesia) por ter aberto o espaço do seu "Te Vejo na Laura" para que nos apresentássemos. Se não fosse por ela ficaríamos sem voz. Vai ver é por isso que o evento (Poesia Voa) ficou vazio né? Organização confusa demais. Bom, por enquanto é isso, em breve posto mais, sei que demoro muito pra isso, mas prometo ser mais rápido daqui pra frente :)

14 de novembro de 2005

Dia 26/11 inauguram pela décima vez o monumento à nossa demagogia de fim de ano

Está confirmado, dia 26 de Novembro inauguram pela décima vez o monumento à nossa hipocrisia, demagogia e insensatez. A famigerada Árvore da Lagoa vem aí mais uma vez... Será que colocarão capivaras que piscam? Ou o piscar das lâmpadas formará imagens de capivaras?

Abaixo, meu poema-manifesto contra esta ignorância que está virando tradição à força.


De David Lima – davidlima (arroba) gmail.com
Nadica de Neves (ou a Poesia da Árvore de Natal da Lagoa)

Não bastassem poluir a pobre coitada,
deram-lhe uma árvore de mentira,
com caule de luzes, cabos e seiva de energia.
Neves de falsas luzinhas.
Fizeram-nos esquecer que era racionamento.
País das falsas alegrias... povo das falsas satisfações...

É natal gente!
As contas e os problemas somem
e todos sobem e descem só pra aplaudir você
que durante todo ano foi maltratada,
sofreu agressões, morreu um pouco junto com seus peixes...
E hoje em cima de ti flutuada,
uma tal de uma árvore por muitos cultuada, é o motivo para receberes palmas.
Quanta demagogia!

Eu não quero ir a Lagoa ver a árvore de natal ser
inaugurada com uma neve falsa,
uma neve de luzinhas insosas
coreografadas num piscar malicioso
que me faça acreditar que neva,
mas não há nadica de neves!

Não quero compactuar com as empresas
que te matam e depois, com hipocrisia, patrocinam teu funeral,
patrocinam tua missa de sétimo dia.
Iluminada por milhões de lampadazinhas da China!
Assim te vejo, morrendo a cada hora, minuto,
a cada piscar de lâmpadas em sintonia
a cada falso nevar de coreografia.

Mas idiota quem acha
que suportarás ser puro palco para falsas comemorações festivas...
Há de chegar um dia
em que teu oxigênio, tomado pelo ódio, excremento, vazamento,
virará substância sulfurosa!
E numa comemoração de ledas fantasias,
dragarás majestosa este falso vegetal,
falsa flora flutuando.

E aí sim será natal minha cara...
E todo povo verá o tamanho deste engodo,
o tamanho do elétrico engano que é esta árvore
piscando sobre tua poluição velada,
a cada fim de ano!