Bom, mais um ano vai chegando ao seu fim e como saldo sempre temos a vida e os acontecimentos não é mesmo? Todo mundo faz seus balanços, empresas que somos de nós mesmos, para reavaliar e reestruturar tudo para o próximo ano. A palavra mesmo diz ANO NOVO, é novo, inédito, virgem, sem vícios, sem medos, mais inteligente (posto que já tem bagagem dos anos anteriores), mais maduro, esperançoso. Se vai ser mais feliz, mais triste, melhor, pior, tudo isso são divagações bobas. Bom mesmo é viver um dia por vez e viver o momento.
Filosófico demais né? Mas tá... Eu ainda postarei até o fim-do-ano, mas por acaso achei aqui um poema que fiz pro meu pai (que está doente de Parkinson há 8 anos) e escrevi para ele. Ele ainda está vivo, porém como a doença altera muito a pessoa, tenho hoje um pai incapaz pra muitas coisas, infelizmente, portanto o poema termina como se ele não estivesse mais aqui. Bom, a poesia está aqui pra isso, pra lavarmos a alma. Pois lá vai:
O meu Papai Noel - Data: 24/12/2006
Porque em algum plano pedi pra que foste parte do que eu sou
Partícula criadora, metade de mim
Porque sem ti nada seria
Porque em algum cruzamento de destino eu fui nascer assim, teu filho
Porque entre guerras tu me salvaste, Xangô que és
Porque entre gritos e balburdias me fizeste um homem, do qual me orgulho ser
Porque entre confusões e bebidas, foi forte o suficiente pra vencer o vício
Porque entre falsas impressões e incompreensões de um filho, hoje te perdôo e mais que aceito e chamo de pai, chamo de meu criador, gerador, meu possível Deus
E se é assim, o guerreiro das batalhas simples da vida
O vencedor que impediu tantas injustiças e eu estive lá e vi
Porque cais no vão do sofrimento e hoje, sem poder correr atrás de mim para gritar meu nome e dar educação, mesmo que à sua maneira, és apenas um velho guerreiro doente sentado aguardando os desígnios maiores?
Falta-me compreensão com Deus
E que isso não seja pecado
É Natal e estou desolado pela tragédia da vida
O meu herói
O que me deu escola, educação, amor, carinho, afeto e comida
Está vencido
E eu, filho ferido pelas faíscas dos acontecimentos
Choro, choro e choro...
Não posso aceitar um Deus que pune ou que resolve as coisas dessa maneira
Hoje, na noite de Natal eu quero que ressuscite um Deus bom
Não quero me entupir de comida enquanto vejo um menino de cinco anos pedindo dinheiro na véspera do renascimento desse Deus falido
Eu só queria o grito
O saco de doces quando voltava de São Paulo
O monstro “Aúra” que ficou na brincadeira da piscina da casa em que cresci
Eu só queria o pai aqui, comprando a ceia de última hora
E fazendo o natal do seu jeito.
2 comentários:
Davi, sou tua fã de carteirinha. Que poema lindo e forte, que confissão... adorei!
Bjs mil e viva 2010!
Oi, Davi querido! é bonito ver alguém escrevendo com tanta verdade, se despindo. Obrigada pela confiança! Só posso oferecer em troca minha admiração e meu aconchego de pessoa de carne e osso. Sua missão é bonita!A dele também.
Bjs, Roberta
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